Deslumbramentos do curto-circuito
em mero pudor
duma noite devida
(apostaste demasiado)
ao calor duma insônia
planeada
(apostaste o tempo)
entre canções de grilo estrelares,
entre o flash dum ano
quiçá sonhado no efeito
mesmo da lâmpada
ao contato com a bateria,
entre o fundirse dum filamento
no instante vacuo de cafeína,
no nomear distorcido do poema,
cético no fluir da conciencia não real
por ter os pés na terra cravados,
e canso-me de ser homem
como Neruda,
sem serlo, sem saberlo
(apostastes a vida).
O efeito. O efeito coraçâo
dum/a ainda? criança
em andrógina perspectiva (tu/você. Tu/você ao vento e o fundo ficticio de Fernando Pessoa):
repetições. Parêntese portugués. Cerzidos brasileiros.
Verso livre. Desilusão do doente literario o seu inherentemente.

© 2000 Cristina Sánchez

O EFEITO
(fado da meia-noite)

CRISTINA SÁNCHEZ-CONEJERO

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